O que é, para mim, o m.pop

Nos últimos anos, muito se tem falado sobre o “divórcio da sociedade com a política”. Isso é certo! Personalidades ilustres cuja opinião é sempre muito importante, como os Presidentes Jorge Sampaio e Cavaco Silva, chamaram a atenção da sociedade em geral para este problema. Ora, isto constitui um problema. Um problema grave, aliás. O problema é, ainda mais grave, quando os jovens de hoje, que são a sociedade de amanhã, também não querem saber destas questões.

Não falo de política no sentido “clássico” do termo, muito menos de politiquices dessas de dois e quinhentos ou de guerrilhas de quintal. Não me interessa, nem pretendo mesmo, com a minha adesão a este movimento, despertar esse tipo de discussão, do género “o meu quintal é melhor que o teu…”. É em parte devido a estas disputas clubisticas e sem interesse que nós estamos cada vez mais afastados do que interessa, que é a discussão de ideias “evoluídas” que sejam boas ideias, independentemente de cores, amizades, compadrios ou do clássico “jeitinho”.
(...)

Falo, portanto, do debate de novas ideias que sabemos que são aplicadas noutros locais de Portugal e do Mundo com sucesso. Porque não sonhar com a possibilidade de ter essas ideias aplicadas no nosso concelho? Porque não, assumir o risco, de podermos fazer algo de palpável e interessante? Porque não?
Dinamizar, participar, discutir, actuar, falar. Nas mesas dos cafés, na rua, nos intervalos das aulas, na hora de almoço lá no trabalho, na saída do cinema.

A minha preocupação ao aceitar este desafio centra-se em dar voz a novas ideias, a novas dinâmicas. Em épocas em que se discute o célebre “o que ganhas tu com isso?” eu posso dizer que, do ponto de vista financeiro, que a tanta gente interessa, não ganho rigorosamente nada. Aliás talvez ainda perca! Para ser sincero ganho realização pessoal, ganho falar com pessoas, conhecê-las. Ganho o facto de poder discutir com malta jovem do concelho, ideias, projectos e ouvir o que vai aí na cabeça de tanta gente e poder discutir o que vai na minha. Não, não sou pessoa de grandes exposições públicas, quem me conhece sabe disso! E muito menos procuro protagonismo pessoal, nunca! Se, eventualmente, esse vier a acontecer é porque acho que seja necessário como forma de mobilização das mentes mais adormecidas. Apenas isso!

O debate de ideias que eu, pessoalmente, pretendo com este movimento, não é, NEM PODE SER do estilo: eu falo e vocês dão a vossa opinião sobre o que eu falei. NÃO! Imaginem isto como algo em que cada pessoa se sente à vontade para dar a sua própria ideia de dinamização de qualquer coisa, como:
- Desde aquele espaço em que se rodam filmes. Até um festival de curtas, promovido pelos jovens do concelho.
- Desde aquela hora extra de funcionamento da biblioteca, que sentes que dava jeito. Até àquele livro que nunca encontras-te por lá. Porque não a abertura de um espaço onde se possam encontrar livros independentes? (livros interessantes concedidos a preço “especial” a associações culturais).
- Desde a disponibilização de espaços públicos abertos para que os bares do concelho possam proporcionar noites diferentes. Resultaria bem em noites quentes de Verão? Penso que sim…

É claro que é legitimo perguntar: Então e como pretendes fazer isso tudo senão tens conhecimento para tal? Opá, pois não, admito que não tenha, mas uma cena que tenho aprendido (nem sei bem onde) é que ao falarmos com pessoas dinâmicas é que as coisas se tornam possíveis. Não conhecemos ninguém com conhecimentos na área do audiovisual que seja capaz de promover e levar adiante um festival de curtas? Os jovens do concelho não conhecem o suficiente para fazer algo com interesse? Pois, provavelmente, falta fazer muito… Mas eu falando em meu nome e de algumas pessoas com quem tenho trocado ideias, acho, sinceramente, que, com relativa facilidade, se traria alguém com conhecimento suficiente (e a preços acessíveis) para nos transmitir algo interessante, (e principalmente aos que estivessem interessados), por exemplo num workshop. Seja sobre curtas-metragens, seja sobre organização de eventos, ou qualquer outra área.


Não tenho qualquer compromisso com ninguém. NADA! Estou a escrever este texto numa mesa de laboratório na Universidade do Minho (horário pós-laboral), onde trabalho em investigação em Engenharia. Estou fora de qualquer força de interesse político.

Faço isto porque acredito no potencial da ideia. Acho que a juventude de Ourém pode ser dinamizada e se podem criar novas dinâmicas. Principalmente ao nível das novas gerações (sub 18) acho que se pode diversificar o seu espectro cultural, musical, social… senão olhemos só à nossa volta. Alcobaça, tem actualmente dos movimentos musicais mais fortes de Portugal, de onde saíram nomes como os “The Gift” ou os “Loto”. Por Torres Novas passam actualmente alguns dos melhores nomes da música nacional, e de onde também têm saído projectos muito interessantes como os “Lovemakers Dj Set” na área da música electrónica (que eu conheço talvez melhor). De Tomar, acham que precisa de exemplos? De Leiria já nem falo. E o mais incrível é que muitos de nós conhecem estes concelhos… E eles? Que conhecem eles de nós? Não temos conseguido atrair pessoas de fora para nos visitarem!

Agora o que manda na direcção que este projecto toma, SOMOS NÓS! Se queremos transformar isto num antro de politiquices e cores eu estou completamente fora! Desde já o admito! Se queremos fazer do movimento algo que esteja na origem de novas ideias e de dinamização social e cultural estou completamente dentro!

Se me perguntarem se será fácil? Eu digo que não, não será nada fácil! Mas sinceramente penso que podemos transformar Ourém num concelho com mais cultura e com uma identificação social mais forte! Porque é o nosso concelho e nos sentimos sempre melhor em estar numa casa com a qual nos identificamos. Para isso contamos com todas as ideias, de todos os jovens. Sociais, culturais e outras, eventualmente. Acho que não podemos ter medo de expor as nossas ideias aos outros. Uma ideia daqui com um aperfeiçoamento de outro lado pode dar algo interessante. E fala-vos alguém que está longe de estar entre elites culturais e sociais, mas alguém que acha que se pode fazer e ter melhor em Ourém.

Fábio Rodrigues

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